terça-feira, 22 de novembro de 2011

Vigilância Sanitária de Água para Consumo Humano


            Desde há muito tempo que os serviços de saúde têm dedicado uma atenção especial à qualidade das águas destinadas ao consumo humano, tendo desenvolvido e aplicado o conceito de vigilância sanitária.

Segundo o Decreto-lei n.º 306/2007 de 27 de Agosto, que estabelece o regime da qualidade da água destinada ao consumo humano, é da responsabilidade da autoridade de saúde assegurar a vigilância sanitária da qualidade da água para consumo humano (ACH), fornecida pelas entidades gestoras, devendo simultaneamente avaliar o risco para a saúde humana da qualidade da água destinada ao consumo humano. O grande objetivo deste diploma consiste na proteção da saúde humana e dos efeitos nocivos resultantes da eventual contaminação da água, pretendendo assim, assegurar o seu fornecimento de uma forma salubre, limpa e desejavelmente equilibrada na sua composição.


Com a publicação do Decreto-Lei nº243/01, de 5 de Setembro, foi necessário sistematizar as atividades decorrentes da vigilância sanitária da água destinada ao consumo humano, sendo desenvolvido o respetivo programa de atividades, cujos objectivos e prioridades são:

a.    Proteção da saúde das populações;
b.    Identificação dos factores de risco existentes ou potenciais;
c.    Fornecimento de informação ao público utilizador e entidades competentes;
d.    Manutenção permanente de uma base de dados atualizada.


A vigilância sanitária abrange os seguintes tipos de água destinada ao consumo humano:

a.    Água distribuída por sistemas de abastecimento público ou privado que sirvam uma população igual ou superior a 50 hab. e/ou abasteçam caudais iguais ou superiores a 10 m3/dia;
b.    Água distribuída por sistemas de abastecimento público ou privado que sirvam menos de 50 hab. e/ou abasteçam menos de 10 m3/dia (fontes individuais, DL 243/2001);
c.    Água utilizada na indústria alimentar ou em estabelecimentos que manuseiam géneros alimentícios e que não estão ligados às redes públicas de abastecimento;
d.    Água colocada à venda em garrafas ou outros recipientes (água acondicionada);
e.    Água distribuída por camiões ou navios cisterna;
f.     Água distribuída por sistemas de abastecimento particulares de entidades públicas ou privadas que exerçam atividades comerciais, industriais ou de serviços.

O Programa de Vigilância Sanitária de Água para Consumo Humano está fundamentado nas seguintes vertentes:

·         Higio-sanitária e Tecnológica – Ações de avaliação das condições de higiene e segurança a nível das instalações e do funcionamento e a análise das medidas de gestão e manutenção da qualidade da água e dos equipamentos. Com este conjunto de ações pretende-se ter conhecimento do sistema de água e do seu funcionamento e as características da água e das zonas de abastecimento consideradas mais problemáticas.

·         Analítica – Realização de análises complementares ao Programa de Controlo da Qualidade da Água (PCQA) e de outras ações necessárias para a avaliação da qualidade da água para consumo humano. Envolve:

- a colheita de amostras para analise (microbiológica, físico-química ou outras);
- a verificação do cumprimento do programa de controlo da qualidade da água distribuída.

·         Epidemiológica – Permite a comparação e interpretação da informação obtida através dos programas, com recurso a dados de caracterização do estado de saúde dos consumidores (obtidos, nomeadamente, a partir de bases de dados de morbilidade ou de inquéritos epidemiológicos). A necessidade e a definição destes estudos são da competência das Autoridades de Saúde, tendo em conta o conhecimento das realidades locais.


No decorrer da primeira semana efetuámos recolha de águas de consumo humano da rede de abastecimento público e fizemo-lo em seis torneiras de seis freguesias. Na Unidade de saúde pública preparámos os frascos para a recolha das amostras e preenchemos, todos os espaços que são da nossa competência, na ficha de identificação que segue posteriormente para o laboratório, tais como:

·         Requisitante (corresponde ao Centro de Saúde do Concelho onde foi efectuada a colheita);
·         Tipo de análise (indicação da água que se trata, ACH/Piscina/Piscina terapêutica/parque aquático ou empreendimento turístico/mineral ou nascente/hemodiálise e dos parâmetros ou grupo de parâmetros a analisar na amostra);
·         Identificação (descrição do ponto de amostragem);
·         Localidade;
·         Ponto de colheita;
·         Abastecimento (público / particular);
·         Desinfecção (Sim/Não);
·         Tipo de tratamento;
·         Data e hora da colheita;
·         Medições no local (registo dos resultados dos parâmetros analisados no local, neste caso, uma vez que se trataram de ACH, do teor de desinfetante (cloro) residual disponível e de pH, que deve ser efectuado no momento da colheita da amostra;
·         Identificação do técnico responsável pela colheita da amostra.

             De seguida pode ver-se a ficha que utilizamos como instrumento de recolha.


No local da recolha desinfectámos a torneira, por flamejamento com algodão e álcool, posteriormente, dependendo do tipo de amostra e do facto de se tratar de um local com utilização ou não da torneira (nos momentos precedentes à colheita) assim deixámos ou não correr água. Quando pretendemos proceder à análise de metais, retirámos a primeira água (sem deixar correr). Nas restantes situações dependeu do local, mas oscilou entre os 5 e os 20 segundos. De seguida recolhemos as amostras nos devidos frascos. Cada ponto de colheita tem as suas próprias características, pelo que as amostras recolhidas destinam-se a analisar diferentes parâmetros nomeadamente:

·         Análise Microbiológica que inclui bactérias coliformes, Escherichia coli e Enterococos intestinais, sendo utilizado para recolha um frasco esterilizado de 500ml com Tiossulfato de sódio a 1,8%.

·         Análise P3, inclui os parâmetros P1 (Bactérias coliformes, Escherichia coli, Enterococos intestinais, pH e condutividade) mais P2 (número de colónias a 22ºC e a 37ºC, Clostridium perfringes, turvação, Amónio, Nitrato, Nitrito, Oxidabilidade, Ferro e Manganês) e ainda o Cádmio, Crómio, Cobre, Chumbo, Níquel, Sódio e Potássio. Para efetuar esta recolha utiliza-se um frasco esterilizado de 500ml com Tiossulfato de sódio a 1,8%, uma garrafa de 1,5L ou um frasco de 1L de polietileno, um frasco de vidro de 250ml tratado com mistura de ácido clorídrico a 25% e um frasco próprio para Trihalometanos.

Após a recolha das amostras fez-se, no local, a determinação do cloro residual livre e do pH através de um comparador de cores. Para o efeito são colocados 10ml de água em duas cuvetes distintas às quais são adicionados reagentes, em comprimido, que darão cor à água consoante os valores destes parâmetros. Na cuvete que se destina à determinação do pH, utiliza-se o reagente “Phenol Red”, na que se destina ao cloro utiliza-se o “DPD n.º 1”. Depois existem discos específicos de cores, com uma escala de valores associada, para o cloro e para o pH que são introduzidos no comparador conjuntamente com a cuvete do parâmetro correspondente. Faz-se a rotação do disco e quando as cores da cuvete e do disco coincidem, obtém-se o respetivo valor.

Posteriormente à realização de todo este procedimento, as amostras seguem em ambiente refrigerado para o laboratório de Évora onde serão analisados e verificados os valores.

Imagem 1 - Aparelho de medição de Cloro Residual livre e pH

Imagem 2 - Flamejamento da torneira







Imagem 3 - Recolha de água para análise microbiológica
Imagem 4 - Diluição do Phenol Red







Imagem 5 - Comparação da cor da reação com o cículo de cores



Bibliografia Utilizada:

I e II semanas

As duas primeiras semanas de estágio foram vividas com alguma ansiedade e nervosismo devido ao primeiro contato prático com a nossa profissão. Eu e os meus colegas Joel e Vera, que estão a realizar o estágio comigo, chegámos no primeiro dia dez minutos antes da hora prevista, tal era a ansiedade. Foi então que encontrámos os nossos tutores de estágio, o TSA Diogo Gomes e a TSA Rosa Nunes. Eles levaram-nos a conhecer o centro de saúde e os seus trabalhadores. Posteriormente o TSA Diogo mostrou-nos alguns pontos fulcrais da cidade.

Nestas duas semanas realizámos algumas atividades, tais como:
·        Visita à Rádio Sines a fim de estabelecer um primeiro contacto com a estação, que tem uma parceria com a Unidade de Saúde Pública do ACESAL, para acções de Educação para a Saúde nomeadamente através de um espaço intitulado “Saúde Pública de A a Z”;
·        Vistoria a uma escola primária que está a servir apenas para o ensino pré-escolar;
·        Recolha de águas de consumo humano em algumas freguesias do Concelho de Santiago do Cacém e Odemira;
·        Vistoria a uma cozinha de um lar;
·        Análise de projetos a fim de efetuar o respetivo parecer (centro de dia, clínica dentária, mercearia, estabelecimento de restauração e bebidas e um hotel);
·        Reunião de saúde escolar para recolha de orientações, definição de estratégias e objectivos no que respeita à concretização do Plano Nacional de Saúde Escolar no Concelho de Santiago do Cacém;
·       Visita a um estabelecimento de bebidas que pretende alterar a sua atividade para estabelecimento de restauração e bebidas;
·       Ação de formação sobre planeamento (conceção de projetos).
Todos estes temas e outros vão sendo abordados ao longo destes três meses no meu blogue, sendo aprofundados alguns deles em cada semana.

Visita à Rádio Sines

            Na primeira terça-feira de estágio deslocámo-nos à Rádio Sines onde o Dr. Joaquim Toro gravou uma crónica sobre a consulta de cessação tabágica referente ao dia Mundial do não fumador, estas crónicas são gravadas todas as semanas e passam às terças, sextas-feiras e domingos num espaço intitulado “Saúde Pública de A a Z”. Depois da gravação da crónica foram-nos mostradas as instalações e pudemos observar como se fazia a gravação dos programas e a colocação no ar dos conteúdos, nomeadamente músicas e notícias. O TSA Diogo disse ainda que também nós faríamos e apresentaríamos uma crónica. Verificando a calendarização das crónicas posso agora dizer que a minha passará em breve. Mais tarde vou disponibilizá-la para que todos a possam ouvir.
Vistoria a uma escola primária
            Durante este tempo passado, tivemos a oportunidade de realizar uma vistoria a uma escola do Concelho de Santiago do Cacém e fizemo-lo devido a uma queixa realizada por parte dos encarregados de educação, pois existiam ratos na mesma. Quando nos dirigimos à dita escola deparámo-nos com várias situações que confirmam a presença de roedores tais como galerias escavadas, dejetos e ainda sacos de farinha roídos como se pode verificar nas imagens seguintes.
Imagem 1 - Galerias escavadas pelos roedores
Imagem 2 - Dejetos dos roedores e saco de farinha
roído com algum conteúdo espalhado na parteleira


Foi possível constatar que a execução de obras será de difícil concretização, uma vez que, os responsáveis da Câmara Municipal têm afirmado que a mudança dos alunos dessa escola para outra estaria para muito breve e assim a desratização seria um processo dispendioso que não se justificaria.
Vistoria a uma cozinha de um lar
         Devido a um problema de saúde por parte de uma trabalhadora da cozinha de um lar de idosos, possivelmente contraído na própria cozinha, a autoridade de saúde teve de realizar uma vistoria à cozinha do lar acompanhado pela TSA Rosa, outros dois médicos e nós, estagiários de SA. Nessa cozinha encontrámos alguns problemas graves. Após a realização da vistoria foi-nos incumbindo a realização do auto de vistoria e esse está disponibilizado de seguida.







Reunião de Saúde Escolar
            A nossa primeira reunião teve como tema a saúde escolar e reuniu a Autoridade de Saúde Dr. Mário Santos, os TSA Rosa e Diogo, a Enfermeira Filomena, a Médica do internato de Saúde Pública Dr. Sara Letras, a Higienista Oral Marta Gonçalves e os estagiários de SA. Nessa reunião foram discutidos vários aspetos que se prendem com a concretização do Plano Nacional de Saúde Escolar, nomeadamente ao nível da coordenação local, recursos humanos disponíveis e reavaliação dos objectivos traçados.
Ação de formação sobre Planeamento (conceção de projetos)
            A ação de formação foi ministrada pelo Dr. Mário Santos e nela estavam presentes vários TSA, Médicos, Enfermeiros e Estagiários de SA. O tema da formação foi Planeamento, nela abordámos principalmente as várias etapas inerentes à conceção de projetos, nomeadamente as metas, os objetivos gerais, específicos e operacionais, cronograma de atividades e indicadores de execução. Depois da apresentação de um pequeno power point foi-nos proposto a elaboração de um projeto em 20min, para isso, reunimos num grupo de 5 pessoas e realizámos um projeto sobre depressão, posteriormente apresentamos a nossa proposta e ouvimos a dos outros grupos que incidiram sobre o cancro e a obesidade.

domingo, 13 de novembro de 2011

Local e Cidade de Estágio

A unidade de saúde pública onde estou inserida é constituída por duas Autoridades de Saúde (Dr. Joaquim Toro e Dr. Mário Santos), dois técnicos de Saúde Ambiental (Rosa Nunes e Diogo Gomes), uma Higienista Oral (Marta Gonçalves) e uma Assistente Técnica (Lucília Correia).

O ACESAL é constituído por três departamentos distintos, sendo o que estou inserida a unidade de saúde pública (USP), no núcleo de Santiago do Cacém. São cinco os concelhos abrangidos por este agrupamento, sendo eles:


·         Santiago do Cacém;
·         Sines;
·         Alcácer do Sal;
·         Grândola;
·         Odemira.



Santiago do Cacém é uma cidade portuguesa do Distrito de Setúbal, região do Alentejo e sub-região do Alentejo Litoral, com uma população residente de 6 568 habitantes. É sede de um dos maiores municípios de Portugal, com 1 059,77 km² de área e 29 482 habitantes, subdividido em 11 freguesias. O município é limitado a norte pelo termo de Grândola, a nordeste por Ferreira do Alentejo, a leste por Aljustrel, a sul por Ourique e Odemira e a oeste por Sines e tem litoral no oceano Atlântico. É o único município de todo o Alentejo que contém 2 cidades dentro do seu termo.


Freguesias do concelho de Santiago do Cacém:
·         Santo André;
·         Santa Cruz;
·         São Francisco da
Serra;
·         São Bartolomeu da
Serra;
·         Santiago do Cacém;
·         Abela;
·         Ermidas-Sado;
·         Alvalade;
·         São Domingos;
·         Vale de Água;
·         Cercal do Alentejo.
Na cidade ainda podem visitar o Cerro da Inês que em dias descobertos tem uma vista magnífica, não só pela cidade, mas também por toda a costa do litoral Alentejano, incluindo o mar. Pode visitar-se também o castelo de Santiago do Cacém, a Sé de Santiago e o jardim que se insere também nas muralhas do castelo.
Vista do Castelo de Santiago do Cacém

Jardim do Castelo de Santiago do Cacém

Castelo de Santiago do Cacém


sábado, 12 de novembro de 2011

Bem Vindos

Olá a todos!

Caros colegas e amigos sejam bem-vindos ao meu blogue intitulado “Eu e a Saúde Ambiental em Santiago do Cacém”. Este blogue vai seguir-me por um prazo de aproximadamente três meses, de sete de Novembro a vinte de Janeiro, e será um género de portfólio digital de estágio, neste blogue serão descritas todas as atividades realizadas ao longo do tempo de estágio.
O presente estágio está inserido na unidade curricular de estágio III que faz parte do 4ºano, 1ºsemestre do curso de Saúde Ambiental da Escola Superior de Saúde de Beja. Irei realizar este estágio na unidade de Saúde Pública do Agrupamento de Centros de Saúde do Alentejo Litoral (ACESAL), no Centro de Saúde de Santiago do Cacém.
Este será o penúltimo estágio do nosso curso e lançar-nos-á assim para o mercado de trabalho, desta forma espero que todos gostem do meu blogue e que assim o comentem sempre que desejarem.
Não percam as próximas publicações sobre o local e cidade de estágio e ainda o primeiro contacto com este.
Até Breve!