Nos dias que correm, as alterações climáticas têm apresentado um problema grave a nível ambiental, social e económico. Estas alterações são responsáveis pelo aumento de temperaturas que se têm tornado adversas, bem como a ocorrência de cheias e secas que constituem um grave risco para a saúde das populações, quer pelas doenças associadas à água, à alimentação, entre outros, quer pelo aumento de doenças transmitidas por vetores.
As doenças transmitidas por vetores são doenças infeciosas transmitidas aos seres humanos e a outros vertebrados, por vetores como mosquitos e carraças, infetados por agentes patogénicos. Estas doenças apresentam frequentemente padrões sazonais distintos o que permite estabelecer uma associação ao clima.
Para combater estes problemas e uma vez que o número de agentes etiológicos transmitidos por vetores, assim como a sua área de distribuição e incidência na Europa tem vindo a aumentar nos últimos anos, revela-se fundamental identificar e determinar a sua prevalência para se determinar a potencial incidência destas doenças. De modo a instigar estas ações, foi celebrado um protocolo entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS), Direcção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) / Centro de Estudos de Vetores de Doenças Infeciosas (CEVDI), que desenvolveu a Rede de Vigilância de Vetores – REVIVE, com o intuito de identificar quais as espécies de vetores existentes em Portugal, a sua localização geográfica e a caracterização do seu papel enquanto vetor de agentes de doença. O REVIVE iniciou-se com a vigilância de culicídeos (mosquitos e larvas) em 2008, a nível nacional, sendo em 2011 alargado à vigilância de ixodídeos (carraças).
Esta rede tem como objetivos:
· Criar formas de campanhas de educação, informação da população e comunidade médica;
· Equipar as ARS para a colheita periódica ou esporádica de vetores culicídeos;
· Vigiar a atividade de mosquitos vetores, caracterizando as espécies e a ocorrência sazonal em locais previamente selecionados e detetar atempadamente a introdução de mosquitos;
· Emitir alertas para adequação das medidas de controlo, em função da densidade de vetores identificada.
Durante a semana IV do presente estágio tivemos a oportunidade de colher algumas larvas de mosquitos, mas apenas as pudemos colher como larvas e só para ficarmos com a ideia de como proceder a essa colheita, uma vez que, o programa REVIVE é colocado em prática entre os meses de Maio e Outubro, como tal as larvas de mosquito que colhemos não serão encaminhadas para o Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge como seria realizado se as colhêssemos em tempo de prática do programa.
A colheita das larvas de mosquito foi feita em água estagnada e límpida que se encontrava num recipiente ao sol, fez-se a colheita com uma pequena rede e colocaram-se as larvas num garrafão de plástico, aberto ao meio com água.
Vou agora descrever o ciclo de vida do mosquito-culicidae que passa por seis fases, sendo elas:
Ovo
· Depositados sobre ou perto da água;
· Escurecem nas primeiras 12-24 h;
· Morfologia consoante a espécie (Anopheles flutuadores);
· Período de incubação variável.
Larva
· Vive sempre na água;
· Alimenta-se;
· 4 Períodos de desenvolvimento;
· No fim de cada período muda o revestimento do corpo;
· Corpo dividido em 3 regiões (Cabeça, Tórax, Abdómen).
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Imagem 4 - Larva de mosquito |
Pupa
· Vive sempre na água;
· Muito ativa;
· Forma de vírgula;
· Não se alimenta;
· Corpo dividido em 2 segmentos (Cefalotórax e abdómen).
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Imagem 5 - Pupa de mosquito |
Adulto ou Imago I
· O corpo é alongado, pernas e asas longas, sendo as posteriores modificadas em pequenos órgãos sensoriais de equilíbrio: os halteres ou balancetes;
· Alimentam-se de fluídos através de uma probóscide longa, adaptada à ingestão de néctares nos machos e fêmeas, e à perfuração da pele, para a ingestão de sangue, nas fêmeas;
· O odor corporal e o CO2 são os primeiros estímulos detetados pelos recetores sensoriais dos palpos maxilares e antenas das fêmeas, seguindo-se os estímulos visuais e térmicos na proximidade do hospedeiro.
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Imagem 6 - Mosquito a sair da pupa |
Adulto ou imago II
· A saliva contém anti-hemostáticos e vários imunogénios, responsáveis pela reação alérgica;
· O sistema excretório da fêmea elimina, enquanto se alimenta, água e sais em quantidade tóxica – diurese;
· Os a.a. resultantes da digestão das proteínas vão ser reconstituídos na matéria adiposa da fêmea como gema proteica e depois transportados para os ovários e incorporados nos oócitos, ocorrendo uma postura de ovos maduros e férteis.
Adulto ou imago III
· Os mosquitos machos detetam especificamente o som que as fêmeas emitem ao voar, reflexo do batimento alar característico de cada espécie;
· Acasalamento particular: os machos formam enxames de poucos indivíduos a vários milhares acasalando com uma fêmea conspecífica que entre no enxame;
· As atividades comportamentais dos mosquitos adultos – emergência, acasalamento, alimentação e oviposição – ocorrem em determinados períodos do dia específicos, variando entre espécies.
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Imagem 7 - Mosquito Adulto |
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Imagem 8 - Ciclo de vida do mosquito |
Para que se possa prevenir/controlar o problema da proliferação de doenças infeciosas a partir da picada de mosquito existem vários métodos, tais como:
Métodos físicos ou ecológicos
· Saneamento de zonas de retenção fácil de águas fluviais;
· Drenagem de terrenos;
· Secagem de pântanos;
· Cultivo de solos abandonados;
· Adequação das infra-estruturas de saneamento aos aumentos sazonais de população;
· Controlo de descargas selvagens de resíduos urbanos;
Métodos químicos
· Inseticidas - o maior inconveniente é não serem seletivos e eliminarem outras espécies além das espécies-alvo. São também bastante falíveis dado que muitas espécies desenvolvem mecanismos de resistência genética.
Exterior
· Usar mangas compridas e calças quando os mosquitos estão mais ativos (manhã/pôr-do-sol);
· Usar repelentes.
Interior
· Instalar redes nas portas e janelas; utilizar produtos repelentes;
· Eliminar águas estagnadas nas proximidades (pneus velhos, pratos dos vasos de plantas) que são habitats potenciais para as posturas;
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