quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Colheita de mosquitos imaturos - larvas

Nos dias que correm, as alterações climáticas têm apresentado um problema grave a nível ambiental, social e económico. Estas alterações são responsáveis pelo aumento de temperaturas que se têm tornado adversas, bem como a ocorrência de cheias e secas que constituem um grave risco para a saúde das populações, quer pelas doenças associadas à água, à alimentação, entre outros, quer pelo aumento de doenças transmitidas por vetores.

As doenças transmitidas por vetores são doenças infeciosas transmitidas aos seres humanos e a outros vertebrados, por vetores como mosquitos e carraças, infetados por agentes patogénicos. Estas doenças apresentam frequentemente padrões sazonais distintos o que permite estabelecer uma associação ao clima.

Para combater estes problemas e uma vez que o número de agentes etiológicos transmitidos por vetores, assim como a sua área de distribuição e incidência na Europa tem vindo a aumentar nos últimos anos, revela-se fundamental identificar e determinar a sua prevalência para se determinar a potencial incidência destas doenças. De modo a instigar estas ações, foi celebrado um protocolo entre as Administrações Regionais de Saúde (ARS), Direcção-Geral da Saúde (DGS) e Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) / Centro de Estudos de Vetores de Doenças Infeciosas (CEVDI), que desenvolveu a Rede de Vigilância de Vetores – REVIVE, com o intuito de identificar quais as espécies de vetores existentes em Portugal, a sua localização geográfica e a caracterização do seu papel enquanto vetor de agentes de doença. O REVIVE iniciou-se com a vigilância de culicídeos (mosquitos e larvas) em 2008, a nível nacional, sendo em 2011 alargado à vigilância de ixodídeos (carraças).

Esta rede tem como objetivos:
·         Criar formas de campanhas de educação, informação da população e comunidade médica;
·         Equipar as ARS para a colheita periódica ou esporádica de vetores culicídeos;
·         Vigiar a atividade de mosquitos vetores, caracterizando as espécies e a ocorrência sazonal em locais previamente selecionados e detetar atempadamente a introdução de mosquitos;
·         Emitir alertas para adequação das medidas de controlo, em função da densidade de vetores identificada.


Durante a semana IV do presente estágio tivemos a oportunidade de colher algumas larvas de mosquitos, mas apenas as pudemos colher como larvas e só para ficarmos com a ideia de como proceder a essa colheita, uma vez que, o programa REVIVE é colocado em prática entre os meses de Maio e Outubro, como tal as larvas de mosquito que colhemos não serão encaminhadas para o Instituto Nacional Dr. Ricardo Jorge como seria realizado se as colhêssemos em tempo de prática do programa.
A colheita das larvas de mosquito foi feita em água estagnada e límpida que se encontrava num recipiente ao sol, fez-se a colheita com uma pequena rede e colocaram-se as larvas num garrafão de plástico, aberto ao meio com água.
Imagem 1 - Colheita de larvas de mosquito
Imagem 2 - Larvas de mosquito colhidas

Vou agora descrever o ciclo de vida do mosquito-culicidae que passa por seis fases, sendo elas:
Ovo
·         Depositados sobre ou perto da água;
·         Escurecem nas primeiras 12-24 h;
·         Morfologia consoante a espécie (Anopheles flutuadores);
·         Período de incubação variável.

Imagem 3 - Ovo de mosquito

Larva
·         Vive sempre na água;
·         Alimenta-se;
·         4 Períodos de desenvolvimento;
·         No fim de cada período muda o revestimento do corpo;
·         Corpo dividido em 3 regiões (Cabeça, Tórax, Abdómen).
Imagem 4 - Larva de mosquito

Pupa
·         Vive sempre na água;
·         Muito ativa;
·         Forma de vírgula;
·         Não se alimenta;
·         Corpo dividido em 2 segmentos (Cefalotórax e abdómen).

Imagem 5 - Pupa de mosquito

Adulto ou Imago I
·         O corpo é alongado, pernas e asas longas, sendo as posteriores modificadas em pequenos órgãos sensoriais de equilíbrio: os halteres ou balancetes;
·         Alimentam-se de fluídos através de uma probóscide longa, adaptada à ingestão de néctares nos machos e fêmeas, e à perfuração da pele, para a ingestão de sangue, nas fêmeas;
·         O odor corporal e o CO2 são os primeiros estímulos detetados pelos recetores sensoriais dos palpos maxilares e antenas das fêmeas, seguindo-se os estímulos visuais e térmicos na proximidade do hospedeiro.
Imagem 6 - Mosquito a sair da pupa

Adulto ou imago II
·         A saliva contém anti-hemostáticos e vários imunogénios, responsáveis pela reação alérgica;
·         O sistema excretório da fêmea elimina, enquanto se alimenta, água e sais em quantidade tóxica – diurese;
·         Os a.a. resultantes da digestão das proteínas vão ser reconstituídos na matéria adiposa da fêmea como gema proteica e depois transportados para os ovários e incorporados nos oócitos, ocorrendo uma postura de ovos maduros e férteis.


Adulto ou imago III
·         Os mosquitos machos detetam especificamente o som que as fêmeas emitem ao voar, reflexo do batimento alar característico de cada espécie;
·         Acasalamento particular: os machos formam enxames de poucos indivíduos a vários milhares acasalando com uma fêmea conspecífica que entre no enxame;
·         As atividades comportamentais dos mosquitos adultos – emergência, acasalamento, alimentação e oviposição – ocorrem em determinados períodos do dia específicos, variando entre espécies.
Imagem 7 - Mosquito Adulto

Imagem 8 - Ciclo de vida do mosquito


Para que se possa prevenir/controlar o problema da proliferação de doenças infeciosas a partir da picada de mosquito existem vários métodos, tais como:


Métodos físicos ou ecológicos
·       Saneamento de zonas de retenção fácil de águas fluviais;
·       Drenagem de terrenos;
·       Secagem de pântanos;
·       Cultivo de solos abandonados;
·       Adequação das infra-estruturas de saneamento aos aumentos sazonais de população;
·      Controlo de descargas selvagens de resíduos urbanos;

Métodos químicos
·       Inseticidas - o maior inconveniente é não serem seletivos e eliminarem outras espécies além das espécies-alvo. São também bastante falíveis dado que muitas espécies desenvolvem mecanismos de resistência genética.


Exterior
·         Usar mangas compridas e calças quando os mosquitos estão mais ativos (manhã/pôr-do-sol);
·         Usar repelentes.


Interior
·         Instalar redes nas portas e janelas; utilizar produtos repelentes;
·         Eliminar águas estagnadas nas proximidades (pneus velhos, pratos dos vasos de plantas) que são habitats potenciais para as posturas;
·         Cloro na água de fontes e piscinas.


      Para fazer o registo da colheita de larvas de mosquito utilizámos uma folha de registo(Imagem 9) que, em condições normais, seguiria para o laboratório junto com a colheita.


Imagem 9 - Folha de registo de colheia de larvas

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